segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sobre janelas e vidraças...


O pior de se terminar uma relação não é toda dor e sofrimento por aquilo que já não temos mais. É, por mais que tenhamos tomado a atitude de terminar, não é uma escolha fácil. Primeiro por que todo fim gera estresse. Idas e vindas, brigas, desentendimentos, desconfianças, enfim, até que se dá o derradeiro final.
Mas o fim não é o pior, eu descobri. O fim pode ser o início de um processo de arrependimento tão grande que é capaz de nos prender, de nos sacrificar e mortificar. Não a nós exatamente, mas àquilo em que acreditávamos.
Quando se acaba um relacionamento, temos a tendência a olhar pra dentro de nós mesmos, de nos re-conhecermos, nos re-encontrarmos e nos re-enterdermos fora daquela situação acabada. Cada um faz este processo da sua forma. Alguns começam a sair, outros mudam de endereço, outros buscam em outros braços o alento, há quem comece a fumar maconha... eu não... decidi desabafar algumas coisas num espaço somente meu, que divido com alguns poucos e queridos amigos, mas principalmente, este espaço era o porto seguro de MEUS sentimentos e pensamentos.
Mas a nossa vidraça realmente é sempre mais limpa do que a do vizinho. É mais fácil olhar a vida do outro do que parar e analisar a nossa própria vida. É bem melhor criticar e hostilizar publicamente a outra pessoa, independente de sentimentos que um dia existiram. Deixar a pessoa em paz e deixá-la se expressar da forma que acredita ser a melhor para poder matar um sentimento é muito difícil. É preciso responder à altura, é preciso fazer o chapéu servir, independente do que as outras pessoas achem. Difícil é a vida, triste é dar-se conta do tempo perdido, dando valor a quem não merecia.
É preciso não somente limpar a vidraça... é preciso às vezes usar óculos de grau pra enxergar o que está na cara. É necessário o respeito ao que o outro pensa, sente e à forma que ele escolheu pra se expressar, porque ninguém pensa bem ou mal de outro sem motivos, independente de serem “a verdade” ou não. Não esqueçamos que cada um de nós enxerga o mundo e entende o que acontece de uma forma diferente do outro, cada um tem a sua “verdade”. Particular e individual. Cada vidraça é de um tamanho, espessura, até mesmo suja de um jeito diferente, depende do que cada um entende como “verdade”.
Além disso, somos o que somos e muitas vezes mudamos, mas outras vezes seguimos com nossa forma de pensar e entender as coisas. Não queremos entendimentos, não queremos que assinem embaixo o que pensamos e sentimos, queremos apenas pensar e sentir.
Não queremos ficar com nada engasgado, queremos poder falar, poder expressar. Mas tem sempre gente querendo olhar através de nossa vidraça e querendo limpá-la para ficar como a sua. Grande bobagem. Muita infantilidade. Às vezes deixar passar e seguir adiante pode ser o melhor remédio. Aquele que tenta se nivelar só mostra que é incapaz de ser feliz sozinho e que precisa se alimentar desta guerra inútil. Deixa o outro ir, ele já comprou a passagem...
E reservou o assento da janela...

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