sexta-feira, 24 de julho de 2009




Conversa de empresárias:


- ... o q houve, não acredito que tu rompeu com o mala!

- Sim amiga.

- Ele aprontou algo?

- Sim amiga. Aprontou.

- Que m..., nem sei pq insistimos se já sabemos o final.

- Mas sabe como é, como boas empresárias circenses sempre estamos a procura de novos talentos, a próposito, onde é a palhaçada amanhã?

- Tem festa fechada na casa do Bozo...

- Bozo? Q Bozo?

- Ora, não te interessa quem é o Bozo, mas tenho certeza que tu conhece!





Pois é, será que algum dia aquela abóbora vai virar carruagem? Desavisada, a cozinheira fez um doce...


segunda-feira, 20 de julho de 2009

Trapezista - Luís Fernando Veríssimo

Querida, eu juro que não era eu. Que coisa ridícula! Se você estivesse
aqui - Alô? Alô? - olha, se você estivesse aqui ia ver a minha cara,
inocente como o Diabo. O quê? Mas como, ironia? "Como o Diabo" é força
de expressão, que diabo. Você acha que eu ia brincar numa hora desta?
Alô! Eu juro, pelo que há de mais sagrado, pelo túmulo de minha mãe,
pela nossa conta no banco, pela cabeça dos nossos filhos que não era eu
naquela foto de carnaval no Cascalho que saiu na Folha da Macha. O quê?
Alô! Alô! Como é que eu sei qual é a foto? Mas você não acaba de dizer...
Ah, você não chegou a dizer... ah, você não chegou a dizer qual era o
jornal. Bom, bem. Você não vai acreditar mas acontece que eu também vi
a foto. Não desliga! Eu também vi a foto e tive a mesma reação. Que
sujeito parecido comigo, pensei. Podia ser gêmeo. Agora, querida, nunca,
em nenhum momento, está ouvindo? Em nenhum momento me passou pela cabeça
a idéia de que você fosse pensar - querida, eu estou até começando a
achar graça -, que você fosse pensar que aquele era eu. Por amor de
Deus. Pra começo de conversa você pode me imaginar de pareô vermelho e
colar havaiano, pulando no Cascalho com uma bandida em cada braço? Não,
faça-me o favor. E a cara das bandidas! Francamente, já que você não
confia na minha fidelidade, que confiasse no meu bom gosto, poxa! O quê?
Querida, eu não disse "pareô vermelho". Tenho a mais absoluta, a mais
tranqüila, a mais inabalável certeza que eu disse apenas "pareô". Como é
que eu podia saber que era vermelho se a fotografia não era em cores,
certo? Alô? Alô? Não desliga! Não... Olha, se você desligar está tudo
acabado. Tudo acabado. Você não precisa nem voltar da praia. Fica aí com
as crianças e funda uma colônia de pescadores. Não, estou falando sério.
Perdi a paciência. Afinal, se você não confia em mim não adianta nada a
gente continuar. Um casamento deve se... se... como é mesmo a palavra?...
se alicerçar na confiança mútua. O casamento é como um número de
trapézio, um precisa confiar no outro até de olhos fechados. É isso
mesmo. E sabe de outra coisa? Eu não precisava ficar na cidade durante o
carnaval. Foi tudo mentira. Eu não tinha trabalho acumulado no escritório
coisíssima nenhuma. Eu fiquei sabe para quê? Para testar você. Ficar na
cidade foi como dar um salto mortal, sem rede, só para saber se você me
pegaria no ar. Um teste do nosso amor. E você falhou. Você me
decepcionou. Não vou nem gritar por socorro. Não, não me interrompa.
Desculpas não adiantam mais. O próximo som que você ouvir será do meu
corpo se estatelando, com o baque surdo da desilusão, no duro chão da
realidade. Alô? Eu disse que o próximo som... que... O quê? Você não
estava ouvindo nada? Qual foi a última coisa que você ouviu, coração?
Pois sim, eu não falei - tenho certeza absoluta que não falei - em "pareô
vermelho". Sei lá que cor era o pareô daquele cretino na foto. Você
precisa acreditar em mim, querida. O casamento é como um número de...
Sim. Não. Claro. Como? Não. Certo. Quando você voltar pode perguntar
para o... Você quer que eu jure? De novo? Pois eu juro. Passei sábado,
domingo, segunda e terça no escritório. Não vi carnaval nem pela janela.
Só vim em casa tomar um banho e comer um sanduíche e vou logo voltar
para lá. Como? Você telefonou para o escritório. Meu bem, é claro que a
telefonista não estava trabalhando, não é, bem. Ha, ha, você é demais.
Olha, querida? Alô? Sábado eu estou aí. beijo nas crianças. Socorro. Eu
disse, um beijo.

As mentira que os homens contam - Luís Fernando Veríssimo

Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade.
Começa na infância, quando a gente diz para a mãe que está sentindo uma
coisa estranha, bem aqui, e não pode ir à aula sob pena de morrer no
caminho. Se fôssemos sinceros e disséssemos que não tínhamos feito a
lição de casa e por isso não podíamos enfrentar a professora a mãe teria
uma grande decepção. Assim, lhe dávamos a alegria de se preocupar
conosco, que é a coisa que mãe mais gosta, e a poupávamos de descobrir a
nossa falta de caráter. Melhor um doente do que um vagabundo. E se ela
não acreditasse, e nos mandasse ir à escola de qualquer jeito, ainda
tínhamos um trunfo sentimental. "Então vou ter que inventar uma história
para a professora", querendo dizer vou ter que mentir para outra mulher
como se ela fosse você. "Está bem, fica em casa estudando!" E ficávamos
em casa, fazendo tudo menos estudar, dando-lhe todas as razões para
dizer que não nos agüentava mais, que é outra coisa que mãe também adora.

A primeira namorada. Mentíamos para preservar nosso orgulho, certo?

- Não, não, eu estava passando por acaso. Você acha que eu fico rondando
a sua casa o dia inteiro, é?

Mas o que vocês pensariam se nós disséssemos: "Sim, sim, não posso ficar
longe de você, penso em você o dia inteiro, aqueles telefonemas que você
atende e ninguém fala, sou eu! Confesso, sou eu! Vamos nos casar! Eu sei
que eu só tenho 12 anos e você tem 11, mas temos que nos casar! Senão eu
morro. Senão eu morro!"? Vocês se assustariam, claro. A paixão nessa
idade pode ser um sumidouro. Mentíamos para nos proteger do sumidouro.

Outras namoradas. Outras mentiras.

- Eu só quero ver, juro. Não vou tocar.

Vocês não queriam ser tocadas, mas ao mesmo tempo se decepcionariam se a
gente nem tentasse. Nem desse a vocês a oportunidade de afastar a nossa
mão, indignadas. Ou de descobrir como era ser tocada.

Namorar - pelo menos no meu tempo, a Renascença - era uma lenta conquista
de territórios hostis, como a dos desbravadores do Novo Mundo.
Avançávamos no desconhecido, centímetro a centímetro, mentira a mentira.

- Pode, mas só até aqui.

- Está bem. Não passo daí.

- Jura?

- Juro.

- Você passou! Você mentiu!

- Me distraí!

Dávamos a vocês todos os álibis, todas as oportunidades para dizer depois
que tudo acontecera devido à nossa calhordice e não à vontade que vocês
também sentiam. Não mentíamos para vocês, mentíamos por vocês. Os
verdadeiros cavalheiros eram os que enganavam as mulheres. Os calhordas
diziam, abjetamente, a verdade. Não faziam o que juravam que não iam
fazer, transferindo toda a iniciativa a vocês. É ou não é?

Mas isso tudo mudou, desgraçadamente bem quando eu deixei para trás as
tentações do mundo e entrei para uma ordem (a dos monógamos). A revolução
sexual, que um dia ainda vai ser comemorada como a Revolução Francesa,
com a invenção da pílula anticoncepcional correspondendo à queda da
Bastilha e o fim dos sutiãs ao fim da monarquia - e o termo sans culotte,
claro, adquirindo novo significado - tornou o relacionamento entre homens
e mulheres mais franco e desobrigou os homens de mentir para as mulheres
para salvar a honra delas. Aliás, dizem que a coisa virou de tal maneira
que hoje a mentira mais comum dita pelos homens é "Esta noite não,
querida, estou com dor de cabeça". Não sei. Mas continuamos mentindo a
vocês para o bem de vocês.

"Rmmwlmnswl" não significa que nós estamos fingindo dormir com medo de
ir ver que barulho é aquele na sala. Significa que estamos fingindo
dormir para que você vá ver com seus próprios olhos que não é nada e
pare com esses temores ridículos, e se for mesmo ladrão nos avise a
tempo de pular pela janela.

"Fiquei fazendo companhia ao Almeidinha, coitado, ele ainda não se refez"
significa que a nova gata do Almeidinha só saía com ele se ele
conseguisse um par para a prima dela, e nós fazemos tudo por um amigo,
mas não queremos estragar a ilusão de vocês de que a separação deixou o
Almeidinha arrasado, como ele merecia.

"Está quase igual ao da mamãe" significa que não chega aos pés do que a
mamãe fazia, ou então que está muito melhor, mas que o importante é vocês
não se sentirem nem tão ressentidas que decidam atirar o doce na nossa
cabeça e depois se arrependam, nem tão confiantes que parem de tentar
ser iguais à mamãe, e no dia que a gente disser que está sentindo uma
coisa estranha bem aqui, só para não ir trabalhar e ficar vendo o
programa da Xuxa, vocês não digam "Comigo essa não pega" e nos botem
para a rua.

A aliança

Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo meu. Fictício, claro.Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências... Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.
— Você não sabe o que me aconteceu!
— O quê?
— Uma coisa incrível.
— O quê?
— Contando ninguém acredita.
— Conta!
— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?
— Não.
— Olhe.E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.
— O que aconteceu?
E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.
— Que coisa - diria a mulher, calmamente.
— Não é difícil de acreditar?
— Não. É perfeitamente possível.
— Pois é. Eu...
— SEU CRETINO!
— Meu bem...
— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.
— Mas, meu bem...
— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!
E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada.
Por que o atraso?
Muito trânsito.
Por que essa cara?
Nada, nada.
E, finalmente:
— Que fim levou a sua aliança?
E ele disse:
— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.
Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.
— O mais importante é que você não mentiu pra mim.
E foi tratar do jantar.
(Do livro "As mentiras que os homens contam)Luiz Fernando Verissimo
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Sem mais delongas.

LIAR'S MOVIES


Desenho animado:
  • Branca de neve e os sete mentirosos;
  • Pinóquio;
  • Procurando Mentiroso;
  • O rei mentiroso;
  • A bela e o mentiroso.

Comédia romântica:

  • Noivo mentiroso, noiva nervosa;
  • A princesa e o mentiroso;
  • Mentiroso e Sally;
  • Luzes da mentira;
  • Ensina-me a mentir;
  • Feitiço da mentira.

Faroeste:

  • Rastro de mentira;
  • Mentir ou morrer;
  • Os brutos também mentem;
  • Os imperdoáveis;
  • Minha mentira será sua herança;
  • Jogos e trapaças: quando os mentirosos são mentirosos;
  • No tempo das mentiras;
  • A mentira furada;
  • Três mentirosos em conflito.

Esportivos:

  • O clube dos pilantras;
  • Rocky o mentiroso;
  • Mentiroso indomável;
  • Jerry Maguire - A grande mentira;
  • A mentira é assim mesmo;
  • Desafio à mentira;
  • Correndo pela mentira;
  • Sorte na mentira.

Mistério:

  • Um corpo que mente;
  • Mentira indiscreta;
  • Disque M para mentir;
  • Mentira internacional;
  • Os suspeitos.

Fantasia:

  • O mentiroso de OZ;
  • O senhor das mentiras: A sociedade da mentira;
  • A mentira não se compra;
  • Mentira na rua 34;
  • Campo das mentiras;
  • Mentira do tempo;
  • O mentiroso de Bagdá;
  • Quero ser mentiroso;
  • Final Lie.

Ficção Científica:

  • 2009: Uma mentira no espaço;
  • Mentira nas estrelas;
  • E.M. - O extramentiroso;
  • Mentira mecânica;
  • O dia em que a mentira parou (considerado o mais ficção de todos);
  • Blade Runner - O caçador de mentirosos;
  • Mentiroso - O oitavo passageiro;
  • De volta para a mentira.

Gângsteres:

  • O poderoso mentiroso;
  • O mentiroso público;
  • Mentira sanguinária;
  • Os bons mentirosos;
  • Pulp Fiction - Tempo de mentira.

Tribunais:

  • A mentira é para todos;
  • 12 homens e uma mentira;
  • Questão de mentira;
  • Testemunha de uma mentira;
  • O advogado do mentiroso;
  • Anatomia de uma mentira.

Épico:

  • ... E a mentira levou;
  • As doze mentiras;
  • Lendas da mentira;
  • A mentira púrpura;
  • O resgate do soldado mentiroso.

Thriller:

  • Entrevista com mentiroso;
  • Dia dos mentirosos macabro;
  • O massacre da mentira elétrica;
  • A casa da mentira.

Nacionais:

  • Central da mentira;
  • O que é isso mentiroso?;
  • Lisbela e o mentiroso;
  • O mentiroso de Bakerstreet;
  • O pagador de mentiras;
  • Tropa de mentira.

domingo, 19 de julho de 2009


O Pinóquio não era um mentiroso, era um cara de pau. Hahahahahahaha...